Homenagem ao Professor Doutor Carlos Ribeiro

Boa tarde amigos, sejam bem-vindos a esta singela e insignificante homenagem, que pretendemos prestar a um senhor digno de toda a nossa admiração e amizade.

Tudo o que possamos dizer, será pouco para quem tanto nos deu.

Dia 22 de janeiro de 2007, foi o início das aulas na unisseixal.

Cada semana, cada ano que passava, mais se ia cimentando a nossa admiração por este grande senhor.

Quinze anos passaram, e infelizmente esta maldita pandemia apenas nos deixou usufruir de 13 anos, dado que tivemos forçosamente que interromper as aulas a 09 de marco de 2020.

Continuámos a manter contacto telefónico, e ainda O FELICITÁMOS PELO 95º ANIVERSÁRIO.

MA, A LEI DA VIDA LEVOU-O.

Ainda que esta homenagem tenha sido pensada para o senhor professor doutor Carlos Ribeiro, aproveitamos o momento para lamentar também a partida de outros senhores professores, assim como outros colegas alunos.

Muitos temas sobre de saúde nos foram transmitidos ao longo dos anos sempre com enorme paixão e amizade, por vezes alguns presentes lembravam episódios de quando o senhor professor exercia medicina aqui no seixal.

Era também frequente a presença amiga de sua esposa D. Helena, a qual nos deixa enormes saudades, sempre prestável, com uma palavra amiga e o seu sorriso contagiante.

LAMENTAMOS TAMBÉM A SUA PARTIDA.

De referir que por diversas vezes, o apoio das suas filhas Doutoras Helena e Maria José.

Tudo o que se possa dizer para homenagear o Sr. Professor, será pouco. Conforme falava de saúde, falava também da vida da família, dos amigos.

Como já dissemos era frequente falar dos netos.

Razão porque apresentamos os testemunhos de alguns dos netos:

«O meu avô é tudo o que se possa imaginar, meio avô meio chocolate. É esta a minha definição, coração mole e sorriso de ouro, sorriso digo mais. Culto, divertido, interessado pelos netos.

No meio de grande família, faz-se notar apesar de não fazer por isso. No seu canto, dando dois dedos de conversa aqui e ali, conseguindo dar atenção a todos como se partisse em mil pedaços, como um chocolate a ser partilhado.

ISABEL (14 ANOS)

Só eu sei porque o avô não fica em casa. Gosto de festejar os golos do sporting com o avô e conversar.

Se ele me puser a falar não me vou calar, gosto de passar o tempo com o avô.

FRANCISCO (13 ANOS)

E para o avô não vai nada, nada, nada? Tudo o que eu puder dar.

O sorriso do avô é contagiante, gosto de o ver sorrir.

O avô diz que nos gosta de mimar, e de doces nos dar, mil beijinhos da sua neta. «chita loira»

MARGARIDA (11 ANOS)

O avô Carlos é pai do pai. Baixo…magro…cabelo branco…barba.

Usa óculos, tem três: para ver perto, ver longe e ir à rua.

É médico mora em lisboa, tem uma casa na arrábida, faz contas na sala quando está na arrábida, são muitos em casa, quando se juntam em casa na arrábida.

Conversa com a Bárbara, não conta histórias nem brinca…

Uma vez a bárbara foi auscultada pelo avô.

O avô gosta de ler livros grandes e o jornal.

BÁRBARA (4 ANOS)

O professor Carlos Ribeiro, além de nos transmitir os seus vastos conhecimentos, por diversas vezes nos presenteou com  palestras de diversos convidados, como sejam: Dr. Fernando Bivar, o Dr. Tiago Martins, prof Mário quina, prof Laureano Santos, a Dr.ª Graça Nunes, o prof. Vitor Serra, o prof Manuel Carrageta e esposa Dr.ª Rita andrade, e ainda o prof. Germano de Sousa.

Terminamos esta Sigela homenagem, relembrando uma frase com que nos brindava com frequência:

O QUE É CARO NÃO CUSTA DINHEIRO

Mais uma vez apresentamos os nosso pesar e agradecimentos aos seus familiares, dizer que ficar-lhe-emos sempre gratos.

ATÉ SEMPRE PROFESSOR

CARLOS A.C. PEREIRA

DELEGADO DA TURMA DE SAÚDE

21 de Junho 2022

Muito boa tarde a Todos

Cumprimento em especial a Família do Senhor Professor Carlos Ribeiro e de sua esposa, Senhora Dona Maria Helena Ribeiro.

Num já longínquo ano de 2007, fui desafiada por uma amiga a frequentar a aula de Saúde, ministrada pelo Sr. Prof. Carlos Ribeiro.

sendo o tema, para mim, de muito interesse, sinto ter sido mais importante conhecer pessoalmente o Sr. Prof, pois quando, na primeira aula, fomos perguntados o que nos tinha levado a estar ali, respondi, com verdade: "Conhecer o Sr. Professor".

Consideraria ousadia da minha parte, vir aqui dar o meu testemunho sobre uma personalidade com uma estatura tal que, não me sinto habilitada sequer, a pronunciar-me.

Poderei apenas falar sobre os anos em que tive a oportunidade de receber as suas lições, que foram de grande enriquecimento em vários aspectos e ter tido a oportunidade de sentir a sua amizade.

As aulas, sempre foram suportadas por projecções de imagens e os temas eram expostos de forma muito clara e acessível, de modo a que um público com conhecimento muito limitado ou inexistente sobre o tema a ser tratado, pudesse beneficiar da exposição e adquirir noções muito válidas para nos conhecermos melhor.

Quanto aos temas eles eram os mais variados, mas quando algum de nós pedia um assunto específico, tínhamos a certeza que ele viria a ser tratado numa próxima aula.

Participámos em trabalhos sugeridos pelo Sr.  Professor, ou escolhidos por nós, os quais eram sempre recebidos com um elogio motivador, e com uma explanação complementar ao que tínhamos sido capazes de fazer o que sempre nos deixava agradados com a nossa participação.

Deu-nos a oportunidade de recebermos aulas de convidados seus de outras áreas da medicina, das quais gostaria de referir, uma, cuja ligação considerei feliz:

A aula foi partilhada pelo Dr. Victor Serra- Psiquiatra, com Dra. Graça Nunes que dissertou sobre a Música e o seu benefício para a Saúde, foi interessantíssima, julgo que esta apresentação entusiasmou toda a assistência.

Quando algum de nós tinha um problema de Saúde e pedia conselho, tê-lo-ia no fim da aula, em privado, pois como costumava dizer: "a relação médico-doente é uma relação privada a não divulgar em praça pública".

Se lermos o livro que o Sr. Prof. nos ofereceu " SER MÉDICO - Cartas aos jovens médicos" na carta nº 21 encontramos este conselho resumido na sua introdução:

- O acto médico assenta num binómio, que perde tanto mais em ecfetividade e acfetividade, quanto maior for a acção de terceiros.

Aqui um parêntesis para uma homenagem à Senhora Dona Helena que tantas vezes assistiu às nossas aulas, participando nelas com a sua simpatia e boa disposição.

Por último gostaria de citar a oração de sapiência proferida pelo Sr. Prof. na qual a sua reflexão nos diz:

- "A MORTE SÓ ESTÁ PRESENTE, NAQUELES QUE NÃO SE ENVOLVEM COM A VIDA".

Suzete Rego

Boa Tarde!

Eis-nos aqui, hoje, a prestar uma justa, mas singela homenagem ao Professor Doutor Carlos Ribeiro.

Todavia, neste final de ano lectivo, esta não seria de modo algum a homenagem que todos nós desejaríamos fazer. Ao invés, estaríamos preparados para a realização do tradicional almoço que encerrava as actividades de mais um ano do Curso de Saúde, o que, aliás, não foi possível concretizar nos últimos dois anos, devido a esta interminável pandemia.

Com a dedicação dos nossos colegas Carlos Pereira e Suzete Rego, nesta altura já tudo estaria resolvido, nomeadamente a escolha da tradicional lembrança para o Professor e o ramo de flores para a D. Helena que frequentemente se encontrava entre a assistência.

Por mais anos que frequentássemos o Curso de Saúde, disciplina que lecionou desde o inicio da UNISSEIXAL, a maioria de nós, continuava ano após ano, a renovar a matrícula, não propriamente para reforçar os nossos conhecimentos, mas para escutar a voz do pedagogo que nas aulas falava de muitas outras coisas da vida, para além das doenças e da medicina.

Já Abel Salazar* dizia que "o médico que só sabe medicina, nem de medicina sabe".

O cuidado que tinha connosco, devido à faixa etária a que pertencemos, levou algumas vezes o Professor a substituir o tema previsto para essa aula, por outro que ele considerava prioritário nesse dia, devido a algo que tinha recentemente acontecido ou alguma circunstância climática que estivéssemos a atravessar.

Estou certo de que, para além dos crónicos frequentadores da disciplina que tão brilhantemente lecionava, toda a população da UNISSEIXAL ficou pesarosa pelo inesperado desaparecimento de ambos. Estou a incluir, a título de exemplo, os que tiveram o privilégio de assistir às Quartas-Feiras Culturais ou Aulas Abertas, sessões que quase sempre esgotavam os lugares sentados do auditório da Assembleia de Freguesia de Amora.

Outra das facetas do Professor foi a sua participação entusiástica, mas discreta, na vida da comunidade, tanto em aspectos culturais como sociais, dentro ou fora da UNISSEIXAL, com especial destaque para a sua intervenção em sessões de esclarecimento e outras actividades em prol da construção do tão desejado Hospital do Seixal, já tantas vezes adiado.

Com o desaparecimento do Professor Doutor Carlos Ribeiro, não foi só o Seixal que ficou mais pobre. O País e o Mundo também ficaram.

Honremos a sua memória e sejamos dignos do seu exemplo!

UNISSEIXAL, 21 de Junho de 2022.

Manuel Ramalhete

(*) Médico, escritor, investigador científico, artista plástico, crítico de arte e ensaísta (1889, 1946).